Quando o assunto é a Educação de bebês, muitas são as dúvidas: o que será que podemos fazer para contribuir para o desenvolvimento dos campos de experiências dos pequeninos? Eles precisam apenas ser cuidados ou já podemos planejar ações que proporcionem interações e construções de conhecimento para esta faixa etária?
Segundo Piaget, os bebês estão no estádio sensório-motor e possuem grande capacidade perceptiva para atuar sobre o mundo. Foi pensando nestes aspectos que as acadêmicas bolsistas Carla e Raquel criaram o projeto "Um mundo de texturas e sensações", na E.M.E.I Bem Me Quer, para atuar com a turma do berçário I, no município de Igrejinha.
As pibidianas desenvolveram esse projeto a fim de proporcionar o desenvolvimento das expressões, emoção, sensações, através de atividades lúdicas e da experimentação de diversos materiais. O tema do projeto surgiu a partir de um mapeamento da zona de interesse dos bebês.
Os bebês, durante as intervenções propostas, manipularam, observaram, pesquisaram os objetos que foram disponibilizados com muito interesse, curiosidade e encantamento.
É fundamental para a criança dispor de um espaço provido de objetos com os quais possa interagir explorando, manipulando, experimentando com todos os sentidos as formas, texturas, cores, cheiros, sabores. Nesta faixa etária, ouvir, sentir, cheirar, degustar e ver são as formas pelas quais a criança vai se apropriando dos objetos de seu entorno.
Foi exatamente dessa forma que os bebês puderam entrar em contato com as mais variadas intervenções, através das quais tiveram a possibilidade de interagir com diversos objetos e espaços.
Os ambientes gerados desafiaram e convidaram os pequenos a brincar de forma livre, espontânea e significativa.
Precisamos levar em conta que, nesta faixa etária, as crianças precisam explorar livremente os materiais proporcionados pelos(as) docentes, já que o nível de atenção e as estruturas mentais dos bebês ainda estão em processo de desenvolvimento. Assim, atividades que demandem concentração exacerbada e controle de movimentação não serão bem vindas.
A caixa dos tesouros foi uma atividade exploratória, que ajudou muito a desenvolver a coordenação motora fina, a criatividade e as sensações táteis. As crianças foram convidadas a explorar o material e interagiram com muito entusiasmo.
Ao levarem lenços, para a brincadeira do "achou", as pibidianas proporcionaram um ambiente em que as crianças puderam exercitar as capacidades mentais de manter imagens mentalmente, o que Piaget chama de "objeto permanente", fenômeno que ocorre somente após os 8 meses de idade. As acadêmicas passaram os lenços sobre o corpo dos bebês para proporcionar sensações táteis suaves e agradáveis. Algumas crianças, inclusive, imitaram as pibidianas, passando os lenços por seus próprios rostinhos, experimentando e interagindo ativamente durante a atividade.
Na atividade com as "gelecas", as acadêmicas bolsistas colocaram nas mãos e nos pés dos bebês a substância e observaram as reações: os pequenos faziam caretas ao manusear o material, levaram à boca, pois estão na "fase oral" e apenas dois bebês não quiseram pegar, pois demonstraram medo ao interagir com a substância. Na semana seguinte, entretanto, no segundo encontro, perderam o medo e interagiram em todas as atividades.
Na semana seguinte, as acadêmicas proporcionaram interação com gelatinas de diferentes cores e sabores. Os bebês, primeiramente, observaram a novidade. Depois, aos poucos, foram mexendo e levando à boca, degustando, assim, os diferentes sabores disponíveis.
Na atividade em que as acadêmicas criaram um túnel dos sentidos, os bebês exploraram texturas de algodão, lixa, tecido fofo, entre outros, e também brincaram com as aberturas em formas de janelinhas. A atividade visou a desenvolver vários aspectos, especialmente, a coordenação motora ampla dos pequeninos, que adoram explorar espaços que remetam ao útero materno, como caixas, túneis, tocas, etc.
Quando exploraram o tapete das sensações, os pequeninos puderam desenvolver a percepção tátil, auditiva e visual, realizando várias descobertas a partir do deslocamento provocado pela ação de se arrastar e engatinhar.
Atividades como essas são exemplos de como podemos instigar os bebês a explorar livremente o ambiente, desenvolvendo-os.
As acadêmicas bolsistas realizaram várias outras atividades durante este lindo projeto. Muitas outras possibilidades, portanto, fizeram parte do repertório de explorações dos bebês que puderam pesquisar novos sabores, cores, sons, texturas e aromas. Afinal, o bebê é um pesquisador e aprende muito com os estímulos e desafios que o ambiente escolar pode lhe proporcionar.
Que maravilha de projeto!!!
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